Nos anos 50, começaram os "Peg-Pag" da vida no Brasil
- 21/07/2020
- 0 Comentário(s)
Em 23 de dezembro de 1954, surgia a primeira unidade dos Supermercados Peg-Pag, na rua Rego Freitas, 172, na região central da Pauliceia.
“Você leva sempre o melhor comprando nos Supermercados Peg-Pag… onde tudo foi feito para lhe proporcionar: Garantia de Qualidade!, Rapidez! Conforto! Economia!”, dizia um anúncio publicado em 18 de dezembro daquele ano, que também destacava o Balcão Frigorífico Peg-Pag, nos mesmíssimos moldes do “Sirva-se Só”.
O solitário ponto de venda não tardou a ganhar companhia. Quatro anos depois, o Peg-Pag somava oito lojas na capital paulista.
Duas delas, inauguradas em outubro de 1958, causaram frisson do mercado local, pois foram instaladas em endereços já ocupados pela Sears Roebuck.
A ousada parceria da empresa paulista com o gigante do varejo local e global colocava à disposição dos consumidores paulistanos “28.000 artigos de qualidade no maior centro de compras da América Latina”, segundo anúncio publicado em 1º de outubro.
De quebra, a peça publicitária acenava com estacionamento gratuito, sistema de ar-condicionado, uma raridade à época, e farta distribuição de hot dogs até o dia 3.
Longe de ser fruto do acaso ou de oportunidades surgidas no meio do caminho, a criação da primeira rede brasileira de supermercados havia sido milimetricamente traçado por Raul Borges, o seu principal mentor.
Em entrevista à Folha da Manhã, em agosto de 1955, o empresário, que havia se entusiasmado com os supermercados durante uma temporada de estudos nos Estados Unidos, anunciara o plano de inaugurar uma loja do Peg-Pag a cada seis meses – meta cumprida à risca até o segundo semestre de 1958.
Com práticas e ideias avançadas para os anos 1950, como prova a confissão de fé de Borges na economia de escala, o Peg-Pag inovou, entre outras áreas, no mix de produtos, oferecendo revistas e jornais, em promoções, com o hoje usual “Pegue 2 – Pague 1”, e até mesmo no abastecimento.
Investiu, por exemplo, em uma lavoura própria em Mogi das Cruzes (SP), que lhe garantiu hortifrutigranjeiros a custos muito menores.
Tal modelo, reforçado pela escolha acertada da localização das lojas, aí inclusa a “hospedagem” oferecida pela Sears em seus concorridos pontos nos bairros do Paraíso e da Água Branca, havia garantido o rápido crescimento do negócio em suas primeiras temporadas de atividade.
Àquela altura, no entanto, São Paulo já começava a ficar acanhada para a rede. O próximo passo de Borges e seus sócios seria expandir a operação para outra grande cidade, como veremos no próximo capítulo de Memória Viva.