Começa briga para saber quem fez descoberta importante sobre a Aids

  • 18/09/2018
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Começa briga para saber quem fez descoberta importante sobre a Aids

Em 23 de abril de 1984, em Bethesda, cidade no estado americano de Maryland, o Instituto Nacional de Saúde anunciou que o vírus da Aids havia sido isolado pelo doutor Robert Gallo. Em 28 de maio do ano seguinte, os americanos registraram a patente do método de diagnóstico dos anticorpos por meio de exame sorológico. O problema é que o mesmo anúncio tinha sido feito, em 1983, pelo francês Luc Montagnier, do Instituto Pasteur de Paris. Começava, então, uma briga por fama, glória e dinheiro.

De acordo com Montagnier, Gallo fizera seus estudos com amostras enviadas da França. Gallo negou. O francês, então, alegou ser possível que o americano não tivesse roubado a descoberta intencionalmente, apenas se precipitado ao divulgar os resultados. A longa briga envolveu periódicos científicos, como a revista "Nature", numa discussão que durou dez anos.

Em 1985, o Pasteur iniciou um processo judicial contra seu congênere americano, pelo direito à patente do método de diagnóstico, que tentava registrar nos EUA desde 1983 e do qual havia perdido a prioridade. Gallo foi acusado de falsificar suas pesquisas para patentear o método, que rende milhões de dólares em royalties. Em 1987, Montagnier e Gallo, que insistiam em reivindicar os direitos sobre a descoberta, fizeram um acordo, assinado também pelos presidentes dos EUA e da França, para serem declarados codescobridores e dividirem os US$ 6 milhões anuais em direitos.

O acordo foi desfeito, em dezembro de 1992, depois de o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA julgar que Gallo mentira para tirar todo o mérito do trabalho de Montagnier. No ano seguinte, o Escritório para a Integridade das Pesquisas, ao qual caberia decidir se Gallo responderia pela acusação, considerou as provas insuficientes, aceitando a argumentação de que não ocorrera má-fé ou fraude. O americano foi salvo por um terceiro personagem, Mikulas Popovic, tcheco, que trabalhava no mesmo laboratório e era alvo de um processo paralelo, acusado de principal fraudador das pesquisas. Posteriormente, o Departamento de Saúde admitiu que o processo contra Popovic foi conduzido de forma apressada e não existiam evidências para incriminá-lo. Finalmente, em 1994, as autoridades americanas admitiram que a primazia da descoberta era dos franceses.


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