Barnard transplanta coração e assombra o mundo com técnica até hoje
- 29/09/2018
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Em 3 de dezembro de 1967, o cirurgião sul-africano Christian Barnard e sua equipe do Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo, transplantaram para o peito de Louis Washkansky, um marceneiro de 53 anos vítima de uma série de ataques cardíacos e à beira da morte, o coração de uma jovem de 25 anos, Denise Darvall, morta num acidente de carro. A operação pioneira foi um sucesso - após algumas horas o médico estava no quarto conversando com o paciente.
O feito teve imensa divulgação e desencadeou um debate intenso sobre as questões éticas envolvidas - a começar pela definição do momento da morte, até então considerado aquele em que o coração deixa de bater. Com a série de transplantes cardíacos que seriam feitos em todo o mundo a partir dali, os médicos redefiniram esse momento como o da cessação da atividade elétrica cerebral.
Os remédios dados ao paciente para conter uma possível rejeição do órgão transplantado debilitaram o seu sistema imunológico e ele acabou contraindo uma pneumonia dupla, que degenerou num comprometimento geral do organismo.
Apesar disso, o sucesso deu fama mundial a Barnard, homem de origem pobre, que ia à escola primária descalço e se formou médico com grande esforço. Passava uma imagem de dedicação à família e ao trabalho, imagem que se transformou à medida que aumentava sua fama. Em pouco tempo estava posando ao lado de estrelas de cinema e seu casamento chegava ao fim. Isso reforçou as críticas que o consideravam um charlatão, mas o fato é que a técnica de transplante que desenvolveu aperfeiçoou-se até ser mundialmente adotada.