Quinze anos sem Charles Bronson, um dos maiores 'durões' do cinema
- 08/10/2018
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Quando George Lucas deu a partida na produção da nova trilogia "Guerra nas estrelas", correu pela internet o boato de que Charles Bronson seria convidado a encarnar um velho cavaleiro Jedi. Era só boato mesmo, mas fazia sentido: Bronson, o caubói com cara e alma de mau de tantos westerns spaghetti, naquele momento já bem passado dos 70 anos, no papel de, com licença de Abelardo Barbosa, um velho guerreiro.
Teria sido uma encarnação mais nobre que a dos últimos anos, certamente: de 1974, o ano de lançamento de "Desejo de matar", em diante, Bronson praticamente só fez reprisar o seu papel de esquadrão-da-morte-de-um-homem-só daquele filme. Qualquer dúvida, consulte a programação de filmes das TVs brasileiras dos últimos 20, 25 anos. Especialmente nos fins de semana à noite, o horário preferencial de sessões carga-pesada, volta e meia Bronson aparecia, fosse num dos outros quatro "Desejo de matar" (1982, 85, 87 e 94), fosse num de tantos outros filmes em que só o nome era diferente (seus três últimos trabalhos, de 1995, 97 e 99, foram os telefilmes "Family of cops" 1, 2 e 3, "À queima-roupa", no Brasil).
Bem antes disso, Bronson, ator de porte avantajado e face imutável, à la Clint Eastwood, teve sua chance de intimidar e liquidar inimigos mais respeitáveis em filmes idem. Em "Sete homens e um destino" (1960), "Fugindo do inferno" (1963) e "Era uma vez no Oeste" (1968), por exemplo, apenas alguns dos mais famosos entre inúmeros filmes da década de 60 em que consolidou a sua persona de duro-de-matar. Todo herói marrento dos anos 80 (Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Dolph Lundgren) deve um pouco da carreira a ele.
Bronson, em entrevistas, dizia coisas para alimentar o mito: que já havia sido preso, que já havia se metido em brigas de rua, que seu passatempo era atirar facas. Nos EUA, repórteres que foram atrás de registros policiais nunca encontraram nada. Ao que parece, ele gostava mesmo era de pintar e era considerado um homem gentil por todos que o conheciam. Isso apesar de ter conhecido a barra pesada de perto — filho de imigrantes lituanos, teve uma infância de extrema pobreza e trabalhava como mineiro aos 16 anos. Aliás, seu nome verdadeiro é Charles Buchinsky. Assim está creditado no elenco de apoio do mítico western "Vera Cruz", de Robert Aldrich, de 1954: foi depois disso que ele, por medo das implicações de se ter um nome de sonoridade russa em plena era do macarthismo, tornou-se Bronson. Em toda a carreira, Bronson fez 97 filmes.
Charles Bronson morreu em 30 de agosto de 2003, aos 81 anos, de pneumonia, em Los Angeles, onde morava. Além da viúva, Kim Weeks, ele deixou quatro filhos, dois enteados e dois netos.